27/10/08

'Escultor regressa às origens para mostrar a delicadeza de pedras e arames velhos'


Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, 11 Out (Lusa)

Figuras de mulheres que lembram pássaros e de aves que lembram outras aves saem das mãos do escultor Victor Sá Machado, que, em vinhas desactivadas da Beira Alta, recolhe velhos arames que, juntamente com pedras, servem de matéria-prima.

Natural de Lisboa, Victor Sá Machado, vive desde 2005 em Escalhão, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, porque decidiu regressar às origens, ali, onde o pão é famoso e o vinho já não corre das vinhas dos seus pais.

Com formação no Instituto de Artes Visuais e Design de Lisboa, Victor trabalhou em publicidade e televisão - em trabalhos como os "Jogos Sem Fronteiras" ou a telenovela "Chuva na Areia", entre outros em que participou como cenógrafo e aderecista - e também como desenhador gráfico e caricaturista.

Os anos oitenta encontraram-no na companhia de teatro A Barraca, onde iniciou uma paixão pelo "faz de conta" e a prática com diversos materiais como a esferovite, a borracha, o latex e a fibra de vidro.

O regresso à terra da sua infância era um projecto que tinha contratado com o tempo, porque se cansou de uma Lisboa muito "antipática", que quis deixar diariamente, para ir fazer escultura e aproveitar os materiais da sua região.

Tudo começou com o arame - "um dia tenho de dar destino aquele arame" - e com o tempo que só os artistas sabem medir.

Victor descobriu um local em Barca d`Alva, onde "se diz já ter existido" um mar interior, e aí recolhe uma pedra consistente, que na prática para ele "já está toda trabalhada".

"A minha opção não é trabalhar a pedra, é aproveitá-la tal como a encontro, quando ela me sugere uma figura", diz à Agência Lusa, acrescentando que, por vezes, desloca-se a esse local com um fim selectivo, na busca de um nariz ou uma boca, um elemento necessário, para rendilhar as peças que trabalha no seu minúsculo atelier.

"Gosto é de fazer senhoras" - porque é um grande desafio - e fazê-las terem "força e, ao mesmo tempo, serem delicadas", transformar o "rude, forte e pesado" no "equilíbrio e na delicadeza de uma mulher".

"Sobretudo, espero que as minhas peças sejam divertidas. As coisas não podem ser demasiado sérias e dramáticas, porque as pessoas procuram algo que as espante, pela contradição e pela ironia", explica.

Recentemente, expôs no Instituto de Camões, no Luxemburgo, e em Novembro vai estar em Panharanda de Bracacamonte, do outro lado da raia, em Salamanca.

A autarquia local tem sido "simpática para mim", no apoio logístico e no transporte das peças, "mas, de uma maneira geral as câmaras locais preocupam-se muito com as pessoas que saem para as cidades e ligam pouco aos que regressam à terra", sublinha Victor Sá Machado, acrescentando peremptório: hoje "pertenço mais aqui do que a Lisboa".

O escultor gostava que no seu concelho existisse um grupo de teatro "a sério", porque é uma actividade importante para captar a juventude, "obriga a abrir horizontes culturais e não permite viver na ignorância como outras actividades mecânicas".

Na família são todos artistas, os irmãos arquitectos desenharam-lhe a futura casa que está a construir em Escalhão, onde um novo atelier o espera, para novas propostas no "mundo das formas", esculpidas na memória e na tradição de "ser granítico, de ir aos arames e de ser beirão".

Lusa/Fim

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2008-10-11

Exposição no Instituto Camões no Luxemburgo

Exposição de Escultura de Vítor Sá Machado



O Instituto Camões – Centro Cultural Português no Luxemburgo tem a honra de apresentar a exposição de escultura de Vítor Sá Machado, que decorrerá nas suas instalações entre os dias 13 de Março e 10 de Abril de 2008.

Escalhão.
É uma aldeia deitada sobre o planalto entre Figueira de Castelo Rodrigo e Barca d’Alva lá onde o rio Águeda se lança no leito do Douro. Aqui, o tempo parou e o Inverno transforma-se em inferno. Os jovens partiram e os anciãos olham sobre as costas de Espanha ou antes sobre as ruínas de Castelo Rodrigo à procura de memórias e de pontos de referência.

Sobre um horizonte de paisagem dantesca, rude e doce, povoada de giestas e de pedregulho, Vítor Sá Machado procura criar um universo de personagens oriundas do fundo do tempo e do ventre da terra. Pedras em estado bruto e arame de vinhas desactivadas constituem a matéria-prima com que o escultor desafia o poder criador. É assim que, personagens vivas e harmoniosas, carregadas de personalidade e de olhares misteriosos, tomam formas bizarras e humanas.

As esculturas saídas da mão do artista, pela sua força telúrica, bem como pela magia e pelo ar caricatural que as caracteriza, dão um novo impulso a uma região conhecida pelo seus vinhos generosos, pelo azeite e pelo perfume rosa das amendoeiras em flor, e que hoje se volta para o turismo rural.

E foi assim que Escalhão, terra natal dos antepassados de Vítor Sá Machado, se transformou em lugar de regresso para um escultor nascido em Lisboa, em busca de harmonia e de símbolos.
Carlos Vicente

Original aqui

Teatro


A Nuvem Avariada

A linguagem poética como ponto de partida, um cenário com árvores, uma piscina e a instalação de uma nuvem maquinada numa homenagem à fantasia, aos afectos, ao brincar e ao inventar para ser feliz. Um espectáculo para toda a família.


FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

Autoria e Encenação – Paula Sousa e João Ricardo

Interpretação – Ana Piu, Célia MSRamos, Emanuel Arada, Nuno Bernardo, Paula Só e Paula Sousa

Cenografia – a partir de uma ideia de Paula Sousa
em co-autoria com Vítor Sá Machado e Luiz Freitas

Figurinos – Rafaela Mapril

Música – Paulo Oom

Luz – El Duplo

Adereços Vítor Sá Machado

Design Gráfico – Luís Silva

Imagem do Cartaz – Paulo Oom e Rafaela Mapril

Execução do cenário – Luiz Freitas, Ricardo Trindade e Vítor Sá Machado

Colaboradores na execução do cenário – Bernadete Sant’Anna, Daniela Fava, Fernando Sousa, Graça Parracho, Luis Viegas, Maria C. P. Vítor Sá Machado, Palmira Parracho, Pape 5, Paula Sousa, Rafaela Mapril, Teresa Faria

Produção – Teatroesfera [Queluz]



Biografia

Nascido a 27 de Setembro de 1947.

Formação
- Curso de Arte, Decoração e Design no IADE, em 1971;
- Design Gráfico na Ar.Co em 1978
- Curso de caracterizador no Instituto Nova Estética, em 1995.

Designer gráfico
Fundo de Fomento da Habitação,
Nos ateliers de Arquitectura de Henrique Albino e de Nuno Teotónio Pereira.

Publicidade
Ilustrações e Story Boards para várias agências.

Imprensa
Cartoons e caricaturas para: Teleguia, TV Guia, O Inimigo,
ICEP magazine e Jornal do Sporting.

Expo 98
Organização de posters sobre emigração no Pavilhão das Comunidades, na Fragata D.Fernando e Glória e responsável pelas equipas de apoio de palco.

Televisão
Criação de Adereços, Cenários e Mascotes para diversos programas.
RTP. SIC. TVM - Televisão de Moçambique.

Teatro
Criação de Adereços, Cenários e Máscaras para diversas peças.
Teatro A Barraca. Teatro Variedades. Teatroesfera. Teatro Acert [Tondela]. Teatro Oficina [Guimarães].
Teatro Nacional D. Maria II.

Exposições Individuais:
Cerâmicas e scketchs - Galeria UAP - Lisboa 1985;
Aguarelas - Ritz Club - Lisboa 1997;
Aguarelas - Sindicato dos Jornalistas - Maputo 1999;
Aguarelas - Livraria Ler Devagar - Lisboa 2000
Aguarelas - B.Leza - Lisboa 2001
Aguarelas - B.Leza - Lisboa 2004
Escultura - Galerias Bocart - Lisboa 2005
Escultura - Casa da Cultura - Figueira de Castelo Rodrigo 2005
Escultura - Casa do Povo - Escalhão 2006
Escultura - Teatro Acert - Tondela 2006
Escultura - Instituto Camões, Centro Cultural Português - Luxemburgo 2008

Exposições Colectivas:
Entre 1986 e 2006 participou com
a sua colecção de Caricaturas de personalidades diversas
em inúmeras exposições da especialidade.